quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Memórias - Fim

Passado um tempo uma colega minha fez anos e convidou-a, já andava melhor e soube que ia ser operada ao olho que estava cego para verem se dava para recuperar e mesmo que não desse iam “endireitar” o olho, pois este estava ligeiramente virado para o lado esquerdo. Esta foi a última vez que vi a Raquel, terminei o curso em 2008 e hoje, Agosto de 2009 nunca mais soube dela. Será que esta melhor? Eu acredito que sim, ainda assim confesso que gostava de saber se ela vingou na vida de estudante e mesmo na vida profissional. Quem sabe, um dia ainda a vá ver… Pensava eu que a Raquel seria a única pessoa que iria conhecer que perdesse a memória, infelizmente enganei-me.
Não sei o que é pior, acho que nem se pode comparar. O meu avô completou dia 24 de Agosto 75 anos. Já o ano passado tínhamos dado conta que se passava algo de errado com ele. Facilmente se esquecia das coisas que lhe diziam, por vezes passavam 5 minutos apenas e ele voltava a perguntar o que tinha perguntado nos 5 minutos anteriores e, assim sucessivamente. Também esquecia-se de onde guardava as coisas em casa e mesmo quando a minha avó lhe pedia para arrumar alguma coisa na sala por exemplo, ele chegava à sala e não sabia o que arrumar nem onde arrumar. Nesse ano foi ao médico e o médico afirmou que ele estava a sofrer a mesma doença da mãe, Alzheimer. Uma doença degenerativa que vai matando as células do cérebro e que não tem cura. Posso hoje dizer que é algo que não é bonito de se ver. Sobretudo com o passar dos anos, pois vai-se agravando e não há nada a fazer. Como é que é possível nós nos esquecermos de como é que se arruma a roupa ou onde a arrumamos. O que é que eu posso fazer? A minha bisavó (mãe do meu avô) chegou ao ponto em que teve de ser internada num lar e, não se lembrava sequer do meu avô, o próprio filho. E o pior é que o meu avô tem noção de que se passa algo de errado com ele. Antes eu pensava que isso era pior, mas a realidade é que vemos que ele se apercebe de tal forma que vai perguntando porquê, o que se está a passar. Infelizmente nós é que vamos assistindo á situação e além da medicação que foi receitada não há mais nada a fazer. É como estar a ver um drama no teatro, não conseguimos passar da plateia para o palco, nós bem gritamos e gesticulamos mas o actor principal não vê e não ouve. Nós somos espectadores e nada podemos fazer para ajudar o meu avô, não lhe podemos “doar” células, não existe medicação que melhore este processo, só existe para estagnar por um tempo a doença, mas ela é mais forte e vai avançando.
Agora pergunto-vos, porquê?

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